Tantra

As primeiras manifestações do Buddhismo Tântrico podem ser encontradas na Índia do sexto século d.C. Surgindo ao mesmo tempo em que o Tantra Hindu, há uma discussão interminável sobre a origem do Tantra e as influências em jogo em seu aparecimento. A partir da dinastia P āla de Bengala no século oito d.C., o Buddhismo Tântrico se expande também para a China, Japão, Tibet e Sudeste Asiático. O Tantra, que o Buddhismo Tibetano é o exemplo mais conhecido, faz uso extensivo das visualizações,  mantras e mudrā s. Essas técnicas existem em outras formas de Buddhismo, mas aqui atingem o ápice de sua especialização e aplicação.

Uma outra característica marcante do Buddhismo Tântrico é a importância fundamental de se ter um mestre (guru ), sendo ele o foco de uma das práticas mais comuns em todas as escolas tântricas, o  guruyoga . O mestre deve ser visualizado e tomado como um ser absolutamente perfeito para que o método que ensina possa de fato ter efeito. Esse tipo de visualização é subseqüentemente estendido a todos os seres, contemplados então como essenc ialmente puros e imaculado s. A construção dessa realidade ideal (maṇḍ ala) é gerada através dos cânticos, repetições de  mantras e visualização meditativa. Os métodos, pa ra serem usados com eficácia, devem se r antecedidos por uma iniciação, que ‘autoriza’ o indivíduo a praticá-los. É comum que um praticante acumule um número de iniciações, podendo assim praticar métodos diferentes.

Apesar de cada escola desenvolver uma forma própria, incluindo textos e métodos próprios, o desenvolvimento passa razoavelmente por um esquema comum de duas etapas: as práticas preliminares ( sngon ‘gro ) externas (com contemplações sobre a natureza do mundo sa ṁ s ārico) e internas (um conjunto de práticas que vai desde a tomada de refúgio no Buddhismo e no Guru até a prática do guruyoga  propriamente dita); e a prática principal ( dngos gzhi) - com suas três fases: geração, perfeição e grande perfeição (sendo a última fase nomeada diferente dependendo da escola. Grande perfeição é o nome na escola Nyingma). Sendo assim, a fé no mestre se eleva a um estágio somente vislumbrado talvez na escola Rinzai Zen, onde o mestre doador do  koan  também é essencial, mas num sentido diferente ali. A importância do mestre no Buddhismo Tântrico se reflete em suas várias práticas e dificilmente se poderia pensar numa praticante de Buddhismo Tibetano não pertencente a uma comunidade específica de um mestre. Esse, repito, é apenas um esquema geral que comporta variações dependendo das escolas. 

Ricardo Sasaki (A QUE ESCOLA PERTENÇO? - um guia para quem está se  interessando pelo Buddhismo)

Quais são as Escolas Buddhistas Tradicionais?

Um dos aspectos mais fascinantes do Buddhismo é o de não se apresentar como um bloco monolítico, mas sim por meio de uma variedade de manif...